Benção da Mãe em Macau
Não vos consigo explicar nem expressar tudo o que passámos e vivemos nesta uma hora e meia em que estivemos em círculo! Parece-me tudo magia e saído de um conto de ninfas que abençoam a Deusa que vai ser mãe novamente, que vai dar vida, que está a criar dentro dela um ser especial.
Acho que as palavras nunca farão juz ao sentido e exprimido neste círculo de mulheres práticas e modernas que se sentaram para se partilharem, para respirarem e entrarem num estado puro de essência de amizade e irmandade.
Deixo-vos a única e mais bonita Benção da Mãe que fiz em Macau, na praia de Hac Sá no dia do Equinócio da Primavera de 2021. Descreverei apenas os vários momentos e deixarei o resto para as imagens maravilhosas do Kester. Um agradecimento especial à Mariana Dias, que organizou tudo imaculadamente. Obrigada à Bárbara e à Mariana por me terem confiado, mesmo sem saber muito bem o que seria um ritual, a honra de guiar esta benção.
A preparação do altar, com flores, elementos que representam o feminino para cada mulher e os quatro elementos. Enquanto algumas já estavam à espera, pedi a algumas para que fossem buscar a mãe. Que não sabia ainda muito bem o cenário maravilhoso que a aguardava.
A cerimónia é oficialmente aberta com a madrinha a colocar a coroa de flores frescas na cabeça - as flores simbolizam este inicio da Primavera, da força e da luz, da sua beleza conectando-a também com o seu estado gestativo. A mulher abençoada é também normalmente quem honra o altar através do acender da vela e da tocha de limpeza do espaço.
Momento inicial de limpeza energética com sálvia branca ao som de música em que cada mulher se conecta com a sua intenção de estar ali.
Uma imagem que me tocou particularmente porque me transportou para uma metáfora, a simbologia de ajudar uma amiga a acender uma vela (cada uma acendeu uma vela para si, que representava o seu espirito) e quando estava a ter mais dificuldades, as amigas vieram e ajudaram. Quantas e quantas vezes não é assim também no nosso processo da vida? Nós somos seres gregários, seres que se ajudam e que se sentem felizes por isso, daí termos nascido em famílias, em comunidades, em aldeias e vilas.
Quando se cria um espaço sagrado, onde todas as mulheres estão à vontade, é importante que todas contribuam para o altar, trazendo algo familiar para o centro. Faz-se assim uma conexão entre o seu mundo material e o mundo criado no círculo. Claro que nos momentos de partilha também há espaço para lágrimas e gargalhadas.
Deixar ir - A Bárbara escreve em pequenos papéis aquilo que quer deixar ir, o que já não faz mais sentido levar para a nova etapa da sua vida, do seu bebé. O mar é um dos elementos mais poderosos em transformação e de purificação. Pedi então para que todas a acompanhassem na libertação das suas palavras e como símbolo do seu apoio que fossem com ela e levassem uma flor, para que também o mar ficasse mais bonito e suportasse com beleza aquele processo de transmutações de emoções. Fizemos o caminho ao som do tambor, em que à medida que iam sendo libertados havia uma troca de palavras e de abraços de suporte e carinho.
Vazio - Depois de voltar ao círculo, é necessário criar o vazio, deixar espaço para o que vamos receber de todas as nossas amigas, cúmplices.
Renascer - Há a passagem de testemunho, de dons que cada um tem dentro de si para que a mãe quando mais precisar recorrer a eles na sua missão. Esta dádiva foi através dos cristais programados por cada uma com o que de melhor, tinham dentro de si.
Integrar - É criado um círculo com um fio que se desenrola à volta do círculo e que cada uma leva consigo para se manter conectada e consciente dos laços criados naquele espaço. Deram-se três nós em nome do amor, da paz e da abundância.
Para celebrar um brinde! Um brinde à Irmandade, à Cumplicidade, à Maternidade, e aos Laços de amor que se criaram em círculo.
Como disse a Bárbara no início deste Ritual: é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança, provérbio sábio africano. Neste caso é preciso um grupo de amigas coeso, feliz, compassivo, carinhoso, amoroso para ajudar no processo que é a maternidade. Neste ritual, com amigas de longa data, foi criado o vínculo, foi criada mais uma história de sintonia entre mulheres e o seu legado de cuidadoras, geradoras de vida e de amor. Que seja sempre este o vosso caminho, mesmo que muitas vezes tortuoso, que estejam lá sempre!
Para mim é e será sempre uma honra guiar e celebrar estes espaços únicos na vida das pessoas.
Com muito amor e uma gargalhada,
Cátia